O Renascimento da Arte: Da Renascença ao Barroco

Sumário

  1. A Arte Renascentista
  2. A Arte Maneirista
  3. A Arte Barroca
  4. A Arte Rococó

1. Arte Renascentista
As proporções Clássica

        Movimento artístico que se manifestou na pintura, escultura e arquitetura, em toda a Europa, aproximadamente de 1400 a 1600. Os traços principais da arte renascentista são a imitação das formas clássicas da Antigüidade greco-romana e a preocupação com a vida profana, o humanismo e o indivíduo. O Renascimento corresponde, na história da arte, à era dos grandes descobrimentos, refletindo o desejo, da época, de examinar todos os aspectos da natureza e do mundo.
Durante o Renascimento, os artistas continuaram a merecer o status, herdado da Idade Média, de meros artesãos. Mas, pela primeira vez, começaram a se impor como personalidades independentes, comparáveis a poetas e escritores. Os pintores e escultores renascentistas investigaram novas soluções para problemas visuais formais e muitos deles realizaram experiências científicas. Neste contexto, surgiu a perspectiva linear na qual as linhas paralelas eram representadas em ponto de fuga. Os pintores passaram a ser mais exigentes com o tratamento da paisagem, dedicando maior atenção à representação de árvores, flores, plantas, distância entre montanhas e os céus com suas nuvens. O efeito da luz natural e o modo como o olho percebe os diversos elementos da natureza, tornaram-se novas preocupações. Assim nasceu a perspectiva aérea, na qual os objetos perdem os contornos, a cor e o sentido de distância à medida que se afastam do campo de visão.

A santa ceia -1498. Técnica mista, 460x880cm. Convent Santa Maria delle Grazie, Milan

Os pintores do norte de Europa, especialmente os flamengos, revelaram-se mais avançados que os italianos na representação das paisagens e introduziram o óleo como nova técnica pictórica, contribuindo para o desenvolvimento desta arte em todo o continente.
Embora o retrato se consolidasse como gênero específico em meados do século XV, os pintores do Renascimento alcançaram o auge com a pintura histórica ou narrativa. Em uma paisagem ou moldura de fundo, figuras relatavam passagens da mitologia clássica ou da tradição judaico-cristã. Dentro de um contexto, o pintor representava homens, mulheres e crianças em poses reveladoras de emoções e estados de espírito.
Na pintura verificamos algumas características fundamentais:
  1.  A composição triangular:  No método de composição triangular o centro de interesse se encontra no vértice de um triângulo que tem como base o estremo inferior do enquadramento. Os elementos são colocados de forma triangular ficando o ponto de interesse muito claro com o apoio dos outros elementos da cena.
  2.  A perspectiva centralizada:  Segundo os princípios da matemática e da geometria, criam uma ilusão de profundidade em uma superfície bidimensional, usando as diversas distâncias e proporções que têm entre si os objetos vistos à distância.
  3. O uso do claro-escuro: Consiste em pintar algumas áreas iluminadas e outras na sombra, esse jogo de contrastes reforça a sugestão de volume dos corpos.
  4. O realismo: O artista do Renascimento não vê mais o homem como simples observador do mundo que expressa a grandeza de Deus, mas como a expressão mais grandiosa do próprio Deus. E o mundo é pensado como uma realidade a ser compreendida cientificamente, e não apenas admirada. Buscando na imagem um sentido racional e real para sua própria existência.
  5. O uso da tela e da tinta a óleo: A tela é um tecido preparado com selantes e fixado sobre moldura de madeira e a tinta á óleo é uma mistura de pigmento pulverizado e óleo de linhaça ou papoula. sendo uma massa espessa, da consistência da manteiga.

2. Arte Maneirista
A Imitação Clássica
Paralelamente ao renascimento clássico, desenvolve-se em Roma, do ano de 1520 até por volta de 1610, um movimento artístico afastado conscientemente do modelo da antiguidade clássica: o maneirismo (maniera, em italiano, significa maneira). Uma evidente tendência para a estilização exagerada e um capricho nos detalhes começa a ser sua marca, extrapolando assim as rígidas linhas dos cânones clássicos.
Alguns historiadores o consideram uma transição entre o renascimento e o barroco, enquanto outros preferem vê-lo como um estilo, propriamente dito. O certo, porém, é que o maneirismo é uma conseqüência de um renascimento clássico que entra em decadência. Os artistas se vêem obrigados a partir em busca de elementos que lhes permitam renovar e desenvolver todas as habilidades e técnicas adquiridas durante o renascimento.
Uma de suas fontes principais de inspiração é o espírito religioso reinante na Europa nesse momento, pois não só a Igreja, mas toda a Europa estava dividida após a Reforma de Lutero, reinando a desolação e a incerteza.
Os grandes impérios começam a se formar, e o homem já não é a principal e única medida do universo.
Pintores, arquitetos e escultores são impelidos a deixar Roma com destino a outras cidades. Valendo-se dos mesmos elementos do renascimento, mas agora com um espírito totalmente diferente, criam uma arte de labirintos, espirais e proporções estranhas, que são, sem dúvida, a marca inconfundível do estilo maneirista. Mais adiante, essa arte acabaria cultivada em todas as grandes cidades européias. 

Pintura 

       É na pintura que o espírito maneirista se manifesta em primeiro lugar. São os pintores da segunda década do século XV que, afastados dos cânones renascentistas, criam esse novo estilo, procurando deformar uma realidade que já não os satisfaz e tentando revalorizar a arte pela própria arte.
         Podemos observar caracteristicas nas obras maneiristas que consiste na:

  1. Composição consiste normalmente  em uma multidão de figuras que se comprime em espaços arquitetônicos reduzidos, resultando em uma formação de planos paralelos, completamente irreais, e uma atmosfera de tensão permanente. 
  2. No corpo dos personagens que apresentam formas esguias e alongadas substituindo os membros bem-torneados do renascimento.
  3. Os músculos fazem contorções absolutamente impróprias para os seres humanos. 
  4. Os rostos são melancólicos e misteriosos surgindo entre as vestes, de um drapeado minucioso e cores brilhantes. 
  5. A luz do cenário se detém sobre objetos e figuras, produzindo sombras inadmissíveis. 
  6. Os verdadeiros protagonistas do quadro já não se posicionam no centro da perspectiva, mas em algum ponto da arquitetura, onde o olho atento deve, não sem certa dificuldade, encontrá-lo.
    Parmigianino, Madonna dal Collo Lungo. 1534-40. Oil on panel, 216 x 132 cm. Galleria degli Uffizi, Florence

            Escultura 
               Na escultura, o maneirismo segue o caminho traçado por Michelangelo: às formas clássicas soma-se o novo conceito intelectual da arte pela arte e o distanciamento da realidade. Em resumo, repetem-se as características da arquitetura e da pintura. Não faltam as formas caprichosas, as proporções estranhas, as superposições de planos, ou ainda o exagero nos detalhes, elementos que criam essa atmosfera de tensão tão característica do espírito
    maneirista.

               Podemos observar nas composições das esculturas:

    1. Que apresenta um grupo de figuras dispostas umas sobre as outras, num equilíbrio aparentemente frágil.
    2. As figuras são unidas por contorções extremadas e exagerado alongamento dos músculos.
    3. O modo de enlaçar as figuras atribui-lhes uma infinidade de posturas impossíveis, permitindo que elas compartilhem a reduzida base que têm como cenário isso sempre respeitando a composição geral da peça e a graciosidade de todo o conjunto.
      GIAMBOLOGNA. Rape of the Sabines.1581-83. Marble, height 410 cm. Loggia dei Lanzi, Florence


            Arquitetura
              A arquitetura maneirista dá prioridade à construção de igrejas de plano longitudinal, com espaços mais longos do que largos, com a cúpula principal sobre o transepto, deixando de lado as de plano centralizado, típicas do renascimento clássico. No entanto, pode-se dizer que as verdadeiras mudanças que este novo estilo introduz refletem-se não somente na construção em si, mas também na distribuição da luz e na decoração.


      A virgem do colo longo
      Francisco Mazzola

      El Greco, (1541-1614), foi o principal artista deste estilo, que na verdade, sua obra foi totalmente incompreendida por seus contemporâneos. Podemos perceber uma espécie de fundição entre as formas iconográficas bizantinas com o desenho e o colorido da pintura veneziana e a religiosidade espanhola.

      Laocoonte
      El greco

      3. Arte Barroca
      A Oposição ao Clássico

      Movimento na arte e arquitetura ocidentais, aproximadamente de 1600 até 1750. Traços do barroco, algumas vezes chamado de estilo rococó, ainda são encontrados na primeira metade do século XVIII. Manifestações do barroco aparecem, praticamente, em todos os países europeus e nas colônias ibéricas da América. O termo barroco aplica-se, também, à literatura e à música. A origem da palavra barroca não é clara. Talvez derive do português barroco ou espanhol barrueco, termos que designam uma pérola de forma irregular. Cunhado posteriormente no início do movimento e com conotações negativas, o nome não define, com clareza, o estilo a que faz referência. De qualquer modo, no final do século XVIII, o neologismo incorporou-se ao vocabulário da arte. Muitos críticos rejeitaram o estilo barroco, considerando-o demasiado extravagante e exótico para merecer um estudo sério. O historiador suíço Jakob Burckhardt, do século XIX, definiu-o como o final decadente do Renascimento. Seu aluno Heinrich Wölfflin, em Conceitos fundamentais para a história da arte (1915), foi o primeiro a assinalar as diferenças fundamentais entre a arte do século XVI e a do século XVII, afirmando que “o barroco não é nem o esplendor nem a decadência do classicismo, mas uma arte totalmente diferente”.
               A arte barroca engloba numerosas particularidades regionais. Pode-se, por exemplo, classificar como barrocos dois artistas tão diferentes como Rembrandt e Gian Lorenzo Bernini. Não obstante as diferenças, suas obras têm indubitáveis elementos barrocos em comum, como a preocupação com o potencial dramático da luz. A evolução da arte barroca deve ser estudada dentro de um contexto histórico. A partir do século XVI, o conhecimento humano ampliou-se e muitas descobertas científicas influenciaram a arte. As pesquisas de Galileu sobre os planetas refletiram-se na precisão astronômica de muitas pinturas. Por volta de 1530, o astrônomo polonês Copérnico amadureceu sua teoria sobre o movimento dos planetas ao redor do Sol. Sua obra, publicada em 1543, só foi completamente aceita depois de 1600. A demonstração de que a Terra não era o centro do universo coincide, na arte, com o triunfo da pintura do gênero paisagístico, desprovido de figuras humanas. O ativo comércio, a colonização das Américas e outras zonas geográficas fomentaram a descrição de lugares e populações exóticas, até então desconhecidos.
               A religião cristã determinou muitas características da arte Barroca. A Igreja católica converteu-se em mecenas influente. A Contra-reforma, lançada para combater a difusão do protestantismo, contribuiu para a formação de uma arte emocional, exaltada, dramática e naturalista, com claro sentido de propagação da fé. Já a austeridade proposta pelo protestantismo explica, por exemplo, a simplicidade das linhas arquitetônicas nos edifícios religiosos da Holanda e o norte da Alemanha. Acontecimentos políticos também influenciaram o mundo da arte. As monarquias absolutistas da França e da Espanha promoveram a criação de obras grandiosas, com a intenção de refletir a majestade de Luís XIV e da Casa da Áustria de Felipe III e Felipe IV.
               O sentido de movimento, energia e tensão são algumas das características da arte barroca. Fortes contrastes de luzes e sombras realçam os efeitos cenográficos de quadros, esculturas e obras arquitetônicas. Uma intensa espiritualidade aparece nas cenas de êxtases, martírios e aparições milagrosas. A insinuação de enormes espaços é freqüente na pintura e escultura. Tanto no Renascimento quanto no Barroco, os pintores pretenderam a representação correta do espaço e da perspectiva. O naturalismo é outra característica do Barroco. Nos quadros, as figuras não são estereotipadas, mas, sim, representadas de maneira individualizada, com personalidade própria. Os artistas buscavam a representação dos sentimentos interiores, paixões e temperamentos magnificamente refletidos nos rostos das personagens. A intensidade, imediatismo, individualismo e os detalhes da arte barroca — manifestado nas representações realistas da pele e das roupas — fizeram dela um dos estilos mais enraizados da arte ocidental.
               As raízes do Barroco estão na arte italiana, especialmente em Roma, no final do século XVI. Os dois artistas mais importantes do primeiro período do Barroco foram Annibale Carracci e Caravaggio. A arte de Caravaggio recebeu influências do naturalismo humanista de Michelangelo. Em seus quadros aparecem, com freqüência, personagens reais desenvolvendo atividades cotidianas ou revivendo apaixonadas cenas de temas mitológicos e religiosos. Annibale Carracci, pelo contrário, tentou retornar aos princípios da transparência, monumentalidade e equilíbrio próprios do Renascimento. Este Barroco classicista marcou presença ao longo de todo o século XVII. Um terceiro Barroco — denominado Alto Barroco ou Pleno Barroco —, apareceu em Roma, em torno de 1630, e é considerado o estilo mais característico do século XVII por seu enérgico e exuberante dramatismo.
      Na Itália, pintura, escultura e arquitetura barrocas evoluíram a partir do maneirismo. Um dos motivos desta evolução foi o Concílio de Trento, realizado em 1563, que pregava uma arte capaz de instruir e suscitar a piedade.
      A partir da Itália, onde receberam formação os principais artistas deste período, o Barroco propagou-se, rapidamente, pelo norte da Europa. Cada país, dependendo de sua situação política, religiosa e econômica, fez evoluir diferentes versões do estilo.



      4. Arte Rococó
      Uma Arte Decorativa

      Movimento pictórico e decorativo do século XVIII, que surgiu na França, caracterizado pela ornamentação elaborada, delicada e exagerada. Foi considerado como desdobramento do barroco, Porém, mais leve e intimista que aquele e usado inicialmente em decoração de interiores. O termo rococó provém do francês rocaille, que significa “cascalho”. Na França, o rococó é também chamado estilo Luís XV e Luís XVI.
      Em decoração, o estilo caracteriza-se por uma ornamentação baseada em arabescos, conchas marinhas, curvas sinuosas e formas assimétrica. Vigorando até o advento da reação neoclássica, por volta de 1770, difundiu-se principalmente na parte católica da Alemanha, na Prússia e em Portugal.
               As características gerais abordadas neste estilo são: O uso abundante de formas curvas e pela profusão de elementos decorativos, tais como conchas, laços e flores. Como também, Possui leveza, caráter intimista, elegância, alegria, bizarro, frivolidade e exuberante nas obras.
               Os temas utilizados eram cenas eróticas ou galantes da vida cortesã (as fêtes galantes) e da mitologia, pastorais, alusões ao teatro italiano da época, motivos religiosos e farta estilização naturalista do mundo vegetal em ornatos e molduras.
               Durante muito tempo, o rococó francês ficou restrito às artes decorativas e teve pequeno impacto na escultura e pintura francesas. No final do reinado de Luís XIV, em que se afirmou o predomínio político e cultural da França sobre o resto da Europa, apareceram as primeiras pinturas rococós sob influência da técnica de Rubens. Tendo o uso de cores pastel bem claras nas telas.
               Os principais artistas que fizeram parte deste estilo foram:

      Antoine Watteau

      (1684 – 1721)

      As figuras e cenas de Watteau se converteram em modelos de um estilo bastante copiado, que durante muito tempo obscureceu a verdadeira contribuição do artista para a pintura do século XIX.

      François Boucher

      (1703 – 1770)

      As expressões ingênuas e maliciosas de suas numerosas figuras de deusas e ninfas em trajes sugestivos e atitudes graciosas e sensuais não evocavam a solenidade clássica, mas a alegre descontração do estilo rococó. 

      Jean-Honoré Frabonard

      (1732 – 1806)

      Desenhista e retratista de talento, Fragonard destacou-se principalmente como pintor do amor e da natureza, de cenas galantes em paisagens idílicas. Foi um dos últimos expoentes do período rococó, caracterizado por uma arte alegre e sensual, e um dos mais antigos precursores do impressionismo.